Voltamos a abordar o assunto sobre os
monges de boutique que aparecem por ai.
Infelizmente há um grande mal
entendido com relação a alguns praticantes de arte marcial no
quesito religiosidade oriental. Devido ao fato dos ocidentais, e
principalmente os brasileiros, pouco entenderem os princípios
filosóficos que pairam sobre os países asiáticos e
consequentemente sobre o misticismo que envolve as artes marciais
oriunda destes países.
Já comentamos sobre este assunto em
outros posts, principalmente neste aqui: O hábito (literalmente) não faz o monge.
Um leitor da página do INAM no
Facebook veio com este cartaz mostrando esta “apropriação
cultural” aqui.
Resolvi dar uma olhada nisto e cheguei
a conclusão que o tema deve ser mais abordado, pois a “apropriação
cultural” nas artes marciais é um ato corriqueiro. Antes do termo "apropriação cultural" virar jargão dos movimentos sociais o INAM já tinha usado o termo "pilhagem cultural" para descrever os atos de um grupo de finjuteiros. No caso
abordado neste post comentaremos a “apropriação cultural” que usa
elementos da religiosidade oriental. A arte marcial que mais sofre
com isto é o Kung fu (Wushu), principalmente o estilo Shaolin que
tem uma história intimamente ligada ao budismo e a figura de
Bodhidharma. Porém o Kung fu não é o único, isto também acontece
com qualquer arte marcial de origem asiática seja ela chinesa,
japonesa, tailandesa, etc. Na verdade a confusão se dá porque tanto
a religiosidade oriental quanto a história das artes marciais se
entrelaçam. Sim, é fato que tanto a religiosidade quanto as
filosofias orientais influenciaram as artes marciais asiáticas, pois
isto faz parte de todo o contexto histórico que envolve a cultura
asiática como um todo. Não é por caso que as confusões com
relação ao assunto sejam corriqueiras, pois por ser a religiosidade
e filosofia oriental extremamente complexa, a linha tênue que separa
o que é cultural de fato do que é pseudo cultura é frequentemente
ultrapassada. É por isto que vemos frequentemente estes monges de
boutique aparecerem, pois além de ser uma cultura complexa, o
ocidental muitas vezes entende patavinas dela e, por não entender,
cria fantasias conforme as suas experiências e percepções.
Não só os monges de boutique são
exemplo disto, mas outras pseudagens como o pseudo arte marcial dita
“chinesa” vinda da argentina, mais conhecida como Pakua. Esta
arte marcial “chinesa” hermana usa e abusa de forma totalmente
estereotipada de elementos do taoismo. Inclusive os mespones da farsa
preta do Pakua se deram o trabalho de fazer um pacote turístico até
a China para fazer fotos ao lado de sacerdotes taoistas. (vide postanterior)
Mestre Bione, só na pseudagem... |
Pseudagem cultural sincrética e miscigenada, hindo-budista, khmeriana, "zen-bionistica" |
Este nem para cospobre serve... |
Outro que apareceu foi um a Abade
Shaolin Richard. Ele insiste em se fantasiar de monge, mesmo passando
vergonha no INAM. Outro dia apareceu um diploma de um “shigun de
abade” 10º Grau! Pode isto? Se realmente existisse este abade Shaolin
no Brasil a comunidade budista falaria dele assim como falam dos
lamas do budismo tibetano, dos mestres dos budismos Zen e Chan. O “Abade” Richard
apareceu no INAM e mandou uma mensagem In-Box dizendo que estava
“constrangido” de ser exposto na página e que a irregularidade
já tinha sido descoberta, porém no final do ano ele ainda estava
usando a fantasia de “monge”, e inclusive, o manto mudou de cor.
Tentou deixar a roupa mais parecida com o manto dos budistas chineses, pode
até enganar, mas ainda não esta nos padrões desta linhagem.
Repetimos: não existe escola de formação monástica de budismo
Shaolin no Brasil. Neste caso a "pilhagem cultural" esta totalmente desonesta.
Adade Shaolin no Brasil? Ainda 10ºGrau? |
Depois que foi denunciado ficou com vergonha... |
O "shigun de Abade" e o "Abade" (sqn) |
Ficou constrangido, mas continua se fantasiando de monge |
Outro é o Wei Chimp Ao que desde o
início se fantasia de monge, roupa esta que de monge tem
absolutamente nada a haver com os mantos dos monges chineses, chega a
ser cômico. Notem que ao seu hábito parece muito mais uma tentativa
fracassada de se fantasiar de monge, acreditamos que cosplayer que se vestem Kuririn (Dragon Ball) façam melhor. Até os gestos dos monges ele
tenta imitar, mas provavelmente isto deve ser apenas encenação,
pois saber o que significa com certeza não sabe. Wei Chip Ao também
se mete de acupunturista e terapeuta holístico.
Wei Chimp Ao, a muito tempo na pseudagem cultural |
Até tenta, mas não consegue convencer. |
Outro grupo é um do RJ. Este até é Kung fu, mas infelizmente apelou para a "pseudagem monástica". Diz que foi ordenado na China,
no templo shaolin de Emei. Mas o templo de Emei é lendário, e se
existiu, foi destruído ou desativado a cerca de 300 anos. Nesta fantasia da foto ele até tentou, mas passou longe... Atualmente a roupa de monge esta melhor. Se este abade fosse tão importante a comunidade budista falaria dele. Outra, cadê a escola de formação de monges shaolin? Abade pelo que saibamos é um chefe de templo ou de mosteiro. Há relatos que ele se diz um monge que segue a linha Taoista!! O que? Taoista com roupa de budista? Para de mentir que fica feio!
Mais um que curte uma psedagem monástica |
Agora saindo um pouco do que diz
respeito a China e pegando a parte japonesa, temos os grupos que
exploram incansavelmente o já citado Zen Budismo além de outros
elementos que fazem parte do sincretismo japonês. Na carona disto
vem os que exploram incansavelmente o Budo e o Bushido. Sem citar
nomes tem uma Sr. que resolveu explorar isto da maneira mais doutrinária possível
criando um instituto que ensina “kenjutsu”. Pessoas que nunca tiveram
contato com a cultura japonesa entram neste “instituto” e saem de
lá se sentindo verdadeiros “samurais do sec. XXI” gritando
“onegaishimasu” e falando “hay” para todo mundo. O sistema que mantinha os samurais ruiu com o início
da era Meiji e nos dias atuais faz pouco sentido existir, tanto que foi reformulado para o atual Budo, o Karate, Judo, Aikido e o Kendo (derivado do kenjutsu) fazem parte deste conceito. Mesmo este Budo muitos
ocidentais pouco entendem e muitas vezes distorcem. Sim, muitas vezes se
fantasia a cultura japonesa assim como os princípios espirituais do
“DO” no qual muitos distorcem vírgula por vírgula. Cá para nós, ler hagakures, biografia do Musashi e ficar como um lobotomizado gritando "onegaishimasu" não te torna um "japonês", muito menos do período anterior a era Meiji. Os japoneses e seus descendentes só lamentam por esta gente.
Outro grupo que explora de forma
descarada elementos da espiritualidade japonesa é a turminha dos
ninjas de boutique, mas estes vamos deixar para outra ocasião, pois
estamos elaborando uma matéria especial para estes.
Dentro das artes marciais tailandesa
também temos diversas manifestações de pseudo cultura religiosa,
pois a toda a cultura tailandesa esta intimamente ligada as crenças
budistas. O Muaythai, luta muito visada nos dias atuais, tem sofrido
com a "pseudagem cultural. É
muito comum os mespones criando modinha no pseudo Muaythai, fazendo
do mongkon uma indumentária obrigatória do uniforme e exigindo que cada
aluno use um durante as aulas, sem falar que alguns insistem em fazer reverencia e
falar “sawade” a todo o instante, isto quando ao invés de falar
“sawade” não falam “OSS”. (Veja mais neste link). Mongkon
só se usa no Ram Muay uma dança que é feita pelos lutadores em
homenagem a seu campo de treinamento e a seu treinador.
O termo “apropriação cultural”
muito usado atualmente por movimentos sociais pode ser usado nestes
casos quando um mespone farsa preta usa categoricamente elementos de
uma cultura para “vender seu peixe” e iludir seus seguidores.
Dizem que a “apropriação cultural” é quando se pega os
elementos de uma cultura, se apropria deste e o usa a seu bel prazer
descaracterizando-o e/ou distanciando-o do seu significado original. Isto
é o que acontece com algumas artes marciais, principalmente no caso
do “instituto de kenjutsu” e no caso de algumas escolas de
“ninjutsu fake” que encontramos por ai. Os Biones usam e abusam
de “apropriação cultural”, o pakua hermano então… Até para
a China viajam para manter sua farsa.
Algumas vezes a fantasia é
tanta que o termo “apropriação cultural” se torna inadequado,
pois as invenções atribuídas a uma cultura é tão grande que
se esgotam os recursos da “apropriação” (exatamente pelo fato
de desconhecerem a cultura original), com isto estes começam a apelar para as
invenções de pseudo cultura que aos olhos de gente muito leiga passam
totalmente despercebidas. É o famoso ACHISMO! O pakua é um que quando a história dos
tigramas e dos pontos de mutação se esgotam eles partem para a
criação de pseudo cultura. Os Biones apelam para a pseudo cultura lançando mão das teorias bionescas de “miscigenação
cultural sincrética”. Os ninjas de boutique nem se fala, até
bebes japoneses afogam nos seus contos. E os monges de boutique é
pura invencionice, mesmo porque não existe monastério Budista
Shaolin e nem iniciação desta linha monástica no Brasil. Estes nem
conseguem deturpar cultura budista porque sequer sabem os princípios
desta religião fazendo uma miscelânea cultural mística. O termo que
mais descreveria estes impostores é o que citaremos agora:
“pseudagem cultural”!
A “pseudagem
cultural” é a incrível
capacidade de inventar elementos culturais que de fato não existem
numa cultura e as tornar supostas “verdades” se valendo de
falácias, ou de meias verdades. Além de distorcer completamente os
elementos para justificar pseudo cultura. É o ato de criar um elemento cultural tendo por base o achismo e atribuí-lo a uma determinada cultura. A “pseudagem cultural” é um
recurso desonesto que lança mão de mentiras para iludir, enganar,
fazer os leigos acreditarem que algo que é ilegítimo se torne
legitimo.
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