segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Revelando golpes milenares Pakuanos.

    Já vi de tudo desse pessoal do Pakua Hermano. Desde academias com CNPJ registrado como salão de festas e aluguel de enfeites, à filiais ativas encontrada de portas fechadas em pleno horário de funcionamento. Sem contar Mespone Pakuamano alugando duas salas do mesmo prédio em bairro nobre próximo a shopping center enquanto falsifica Prolabore para sonegação de imposto.

    Pakuano é a combinação perfeita entre o “cidadão de bem” e o “socialista de i-Phone”, que paga de soça na internet sinalizando virtudes quanto na verdade é um porco capitalista enrrustido. Enfim: a boa e velha charlatanice...

 

    Em meio a falsas acusações de “perder uma ação por difamação em duas instâncias para a Associação Brasileira de Pa-Kua” propagada por um usuario que não revelam o nome para não tomar processo. Acabei encontrando no site da Jus Brasil, um edital de 2017 onde a mesma ABPK (entidade do Pakua Hermano que me processou e perdeu), está pedindo a Prefeitura de Ibiam-SC R$3.100,00 (três mil e cem Reais) para realização de um exame de graduação. De acordo com o pedido o valor será para o custeio das faixas a serem entregues para contemplar os particpantesde uma oficina de Pakua Hermano no CRAS deste municipio de 1.971 habitantes.

    Não acham estranho cobrar um valor tão exorbitante de uma cidadezinha de interior para compensar faixas que não custam tão caro, ainda mais que se pegarmos pela população, o numero de jovens e crianças deve ser bem menor?

Mas o que é um CRAS?

    CRAS é uma sigla para Centro de Referência de Assistência Social, um centro de acolhimento que promove a cidadania para as famílias menos assistidas, todo o CRAS é mantido atraves de prefeituras e é nesses centros onde são promovidos oficinas de atividades, podendo ser um curso de musica, de dança e também de artes marciais. Cada orientador dessas oficinas recebem uma ajuda de custo pago pela prefeitura atraves de recursos publicos.

E quem é a Associação Brasileira de Pa-kua – ABPK?

    É uma entidade fundada em 21 de Março de 1995, tendo seu primeiro estatuto “atualizado” oficialmente registrado em 2009 e está com o CNPJ registrado pela matricula: 00.495.988/0001-07. O presidente é o pseudomestre Fernando Martin Sandri, um argentino filho de brasileiro. Mundialmente ele é o segundo no comando da Liga Internacional de Pa-Kua.

    Achou algo estranho nessa informação? Calma que só piora...

    Pior do que um valor super elevado para um simples exame de graduação em finjutsu numa cidadezinha que nem chega a 2 mil habitantes é a licitação em nome da Associação Brasileira de Pa-kua, entidade presidida única e somente por Fernando Martin Sandri constatar junto ao endereço original no centro de Florianópolis, o CNPJ (140169020001-20) de uma empresa chamada “Vielmaquinas Comércio e Serviços LTDA”, empresa esta localizada em Chapecó-SC.

    E o que isto tem a ver com o Pakua Hermano? Bom, eu não sei... mas Fernando Sandri deve saber, já que ele é o presidente...

    E o mais suspeito de tudo é que no site oficial de Ibiam não é possivel encontrar a tal licitação no seu Portal de Transparencia. Parece que algo de errado não está certo.

Empresa que consta no CNPJ apresentada pela ABPK

 

    Enfim, como não quero ser novamente acusado por usuarios anonimos mentirosos, o link para acessar esta licitação está abaixo, basta clicar que você será levado até lá. Só isso já diz muito sobre quem são os pakuanos, principalmente do Presidente que para me processar sem provar nada, teve que incluir pessoas inocentes só para fazer balburdia. Agora dependem de perfil anônimo proferindo difamação só para ter “argumentos”, mesmo que insustentáveis.

PS: se alguém quiser levar essa matéria ao Ministério Publico, fique à vontáde.

https://www.jusbrasil.com.br/diarios/290124428/dom-sc-regular-27-09-2017-pg-675?fbclid=IwAR0wOoiUs4Z2ciTcj-xekyY7ej1t_UtX4FeszPgoXWbkZ-unRVtwO4CSwM8

domingo, 27 de novembro de 2022

Sibpalkido: origem, estilos e dicotomias.


    Disclamer:

    Este artigo não é um ataque ao Sipalkido como um todo, sim um resumo simplificado baseados em fatos afim de minimizar conflitos acerca da origem da modalidade. Algumas informações podem incomodar praticantes da america latina, principalmente os praticantes argentinos e brasileiros leais ao legado do finado Grão-Mestre Yoo Soo Nam.

    O começo de uma treta.

    O mestre de Sibpalki, Bok Kyu Choi anunciou seu novo livro sobre a modalidade no Facebook entitulado “Sibpalki Traditional Korean Martial Arts”, todo em inglês e disponivel para comprar no site da Amazon. Em meio aos comentários, alguns praticantes do Sipalki (prestem bem a atenção na forma como está escrita) Ionbiryu se manifestaram de forma questionadora alegando que só havia um Sipalki, atribuindo ao grão-Mestre Yoo Soo Nam, falecido em 2018 na Argentina.

    Tal comentário incomodou o mestre Choi a ponto de se manifestar em uma nova postagem do qual transcrevo logo abaixo:

Existe uma discussão sobre o termo Sibpalki na minha postagem referente a publicação do meu livro (…). Vem aqui o meu esclarecimento sobre o termo Sibpalki e meu interesse pessoal no Sipalki argentino. Estejam a vontade para compartilhar suas opiniões sobre o tema.

Extistem quatro linhagens para uso do temo Sibpalki. O Sibpalki criado entre o século XVIII na Coreia Joseon (Dinastia) para descrever um sistema de arte marcial. No periodo moderno, onde o Grão Mestre Kim Gwank Suk resgatou o Sibpalki com sucesso. O primeiro (Sibpalki) pode ser chamado de Sibpalki histórico. O seguinte é chamado de Sibpalki moderno. Esses dois sistemas estão fortemente ligados um ao outro. Também há na Coreia o Sibpalki Chinês, quando o Kung fu foi introduzido na Coreia, alguns coreanos começaram a chamar o Kung fu de Sibpalki, e também temos o estilo de Sibpalki de Yoo Soo Nam, chamado “Sipalki”. De acordo com mestres que treinaram juntos com Yoo na década de 1960, Yoo criou seu estilo próprio e o chamou de Sipalki.

O que me interessa são as narrativas quando o Grão Mestre Yoo contou aos argentinos, na década de 1970, a Coreia não era muito conhecida pelos sulamericanos. Ele deve ter divulgado alguma história para promover sua arte marcial, como era bastante comum naquela época na comunidade de artes marciais”.

    As artes marciais coreanas da Dinastia Joseon e a Ocupação japonesa.

    A Coreia foi um reino que se chamava “Joseon” (1392 – 1910) com a mais longa duração da historia, durante esse periodo, Joseon era fortemente regida por influencia do Confucionismo e importava e adaptava a cultura chinesa. Foi neste periodo e que a cultura coreana classica começou a ascender junto ao comercio, ciencia, literatura e tecnologia. Foi durante as invasões japonesas (Guerra Imjim) entre 1592 a 1598 onde Joseon se mostrou militarmente fraca devido as muitas baixas de soldados coreanas totalizando 300.000 mortes. Devido as doutrinações confucionistas, os soldados não combatiam com espadas e lanças tendo como preferencia o uso do arco e flecha; em meio a guerra Imjin, os soldados coreanos adotaram uma metodologia de treinamento baseada em um manual militar chinês da Dinastia Ming chamado Jixiao Xingshu do general chinês Qi Jinguang. Este manual atraiu o interesse dos coreanos, pois, Joseon era palco frequente de invasões de piratas japoneses e o General Qi havia os derrotado com sucesso ao longo da costa sudeste da China poucas décadas antes da Guerra Imjin.

Muyejebo

Muyejebo

    Sob ordens do Rei Seong Jo, autoridades coreanas criaram uma versão própria com base no manual chinês e posteriormente adicionado técnicas de artes marciais japonesas, e assim nasceu o primeiro manual de artes marciais coreana, o Muyejebo em 1610, agora, sob o reinado de Gwang Haegun já que o rei antecessor havia falecido.

    O Muyejebo contém capítulos onde aborda o uso das seguintes armas:

    Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas, pessoas em pé e ao ar livre
  1. Jangchang (lança longa)

  2. Ssangsudo (espada longa de duas mãos)

  3. Gonbang (bastão longo)

  4. Deungpae (Escudo e lança de arremesso)

  5. Deungpae (Escudo e espada na cintura)

  6. Nangseon (lança espinhosa)

  7. Dangpa (tridente).

    As informações sobre o uso do escudo e da lança de arremesso em combinação um com o outro fazem parte do mesmo capítulo que aborda o uso combinado do escudo e da espada na cintura.

    Durante o reinado do rei Yeongjo (1724–1776), o Muyejebo foi revisado e complementado com 12 métodos de luta adicionais pelo príncipe Sado, publicado em 1759. O príncipe Sado era o herdeiro aparente do rei Yeongjo, mas sofria de uma doença mental que desencadearam surtos violentos. Depois que o príncipe começou a matar e estuprar pessoas aleatoriamente no palácio, ele foi executado por asfixia em 1762, aos 27 anos. Com essas 12 técnicas de luta inclusas, assim surgiu o termo Sibpalki ou as “dezoito habilidades” que refletem forte influencia das artes marciais chinesas.

    As seis primeiras habilidades já presentes no Muyejebo também podem ser encontradas no Muyesinbo:

  1. Gonbong (bastão longo).

  2. Deungpae (escudo).

  3. Nangseon (lança espinho).

  4. Jangchang (lança longa).

  5. Dangpa (lança de três pontas).

  6. Ssangsudo (espada de duas mãos).

    As doze habilidades restantes são originais do Muyesinbo:

  1. Jukjangchang (lança longa de bambu)
  2. Gichang (lança com bandeira)
  3. Yedo (espada curta): uma espada de um gume com cerca de um metro de comprimento. Era normalmente usado com uma mão e era preferido por soldados de infantaria e marinheiros.
  4. Wae geom (espada japonesa).
  5. Gyojeon (técnicas de espada)
  6. Woldo (lâmina da lua): uma arma de haste com uma lâmina curva paralela ao guandao chinês.
  7. Hyeopdo (lança-lâmina): uma arma de haste paralela à naginata ou nagamaki japonesa.
  8. Ssang geom (espadas gêmeas): lutando com duas espadas idênticas; espadas gêmeas foram feitas para serem carregadas em uma única bainha.
  9. Jedok geom (almirante espada): técnicas introduzidas pelo almirante chinês Li Rusong, que lutou no lado coreano na Guerra Imjin. Li usava espadas de lâmina reta (jikdo) com um único gume para cortar e uma espada de dois gumes (geom) para esfaquear. O manual dá 14 posturas básicas para esta disciplina.
  10. Bonguk geom (espada nacional): um método de esgrima enfatizando a origem coreana tradicional (em oposição à adoção mais recente das técnicas da "espada do almirante"). 
  11. Gwonbeop (habilidades de luta desarmada): baseado no manual de Ji Xiao Shin Shude 1567 ou "Manual de Novas Táticas Militares" do General Qi Jiguang (1528-1588). Dos 32 métodos originais citados pelo General Qi, cerca de 19 métodos são identificados no Muyesinbo, além de outros 14 métodos originais, totalizando 33.
  12. Pyeongon (mangual): em paralelo com a chinesa de duas seções.


    Tanto o Muyejebo quanto o Muyesinbo serviram de base para o futuro manual Muyedobotongji ("Manual Ilustrado Abrangente de Artes Marciais") em 1795, que acrescentou mais 4 disciplinas descritas, incluindo métodos à cavalo (a saber: lança com bandeira, espadas duplas, faca lunar e um mangual) além de técnicas de equitação, um jogo de pólo coreano com pele de ovelha elevando o número total de técnicas para 24.

    Em 1910, o Imperio coreano havia colapsado e tornado-se dependente do Imperio do Japão anos após a vitória da Guerra Sino-Japonesa sendo anexada ao país. Este periodo histórico foi completamente traumatizante para os coreanos, pois, ao mesmo tempo que o governo japones investia em escolas e faculdades, ao mesmo tempo os coreanos eram obrigados a adotarem nomes japoneses e proibidos de falar o próprio idioma, garotas coreanas eram sequestradas para a prostituição – fato que o governo japonês nega com todas as forças. Artes marciais coreanas foram proibidas ou sumariamente extintas, sendo substituidas por artes marciais japonesas praticadas por cidadãos coreanos de classe alta, militares do exército imperial japonês e universitarios estudando no Japão.

    Muitas cópias dos manuais Muyejebo, Muyeshinbo e Muyedobotongji foram apreendidas ou destruidas como parte do processo de “japonificação” dos coreanos, fazendo que algumas cópias ou praticas de artes marciais fossem praticadas ou mantidas as escondidas das autoridades opressoras.

    Hoje em dia é possível obter uma edição fisica e virtual do Muyedobotongj traduzido para o inglês.

    O fim da ocupação e as artes marciais coreanas modernas.

    Com o fim da segunda guerra mundial e a retirada do Japão do solo coreano, uma forte campanha de resgate a identidade coreana toma conta da metade sul da peninsula, agora dividida em duas nações. Sob a liderança do primeiro presidente sul-coreano Sing Man Hee, tudo que for remetido ao Japão deve ser excluido da sociedade e a mesma coisa acontece com as artes marciais de origem japonesa; o Karate-do, o Judo, o Kendo, agora passam a se chamar Gongsudo, Yudo e principalmente o Kumdo que não apenas revisiona todo o curriculo ténico, como também exclui todos os Katas japoneses substituindo por Hyongs de espada baseados no Muyedobotongji, o Kumdo é a única arte marcial membro da Federação Internacional de Kendo que só exerce as técnicas de espada coreana.

    O Gongsudo por sua vez seguiu um novo caminho para futuramente vir a ser reconhecido como o Taekwondo e Tangsoodo. Outras modalidades coreanas proibidas pelos japoneses começaram a ressurgir após o fim da Guerra da Coreia, a exemplo do Taekkyon com o mestre Song Deok Gi (1893 – 1987) e o Sibpalki com o Grão-Mestre Kim Kwang Seok (1936 – 2019), além destes, outros praticantes de diferentes artes marciais de origem coreana começaram a surgir entre os anos 1960 aos tempos atuais, muitas delas com base nos estudos técnicos do Muyedobotongji e outros estilos marciais chineses e japoneses.

    O Sibpalki como arte marcial.

    Como arte marcial moderna, o termo usado para “Sibpalki” passou a identificar quatro atividades independentes e uma em especial.

1 – São praticantes coreanos que seguem o sistema chinês de artes marciais armadas e desarmadas também denominado “Sibpalki” seguindo a metodologia e praticas em seu curriculo.

2 – A outra segue como um "rótulo" para identificar genericamente as artes marciais chinesas assim como o Kung Fu é um termo generico usado no ocidente.

3 – São grupos de praticantes que usam o termo “Sibpalki” como modalidade marcial histórica como uma forma de reconstrução das artes marciais coreanas do século XVIII baseados no Muyeshinbo.

4 – Por sua vez, trata-se do estilo grafado “Sipalki” de relação não reconhecida na Coreia difundidas pelo Grão-Mestre Yoo Soo Nam.

5 – Por ultimo e não menos importante, é o Muye24ki liderado pelo mestre Choi Hyung Kuk que tem a missão de difundir – assim como no Sibpalki, as 24 técnicas descritas no Muyedobotongji, como identidade marcial da história coreana, incluindo as praticas de equitação.

    GM Kim Kwang Seok e o Sibpalki na Coreia.

Kim Kwang Seok (em pé) sentado no meio Li Sui Tien.
Kim Kwang Seok em pé e no meio Li Sui Tien (Pakua Chang)

Kim Kwang Seok nasceu em 1939 durante a ocupação japonesa, criado em uma comunidade taoista onde desde pequeno recebeu treinamento em Sibpalki, medicina oriental e qigong durante o final dos anos 1950 até meados dos anos 1960 estudou Kungfu com o mestre Choi Sang Cheol, diretor da Chinese Martial Arts Association; e em 1969 abriu seu primeiro Dojang (academia). Em 1986, Mestre Kim trabalhou ao lado do folclorista U-Seong Sim para reviver as técnicas descritas no Muyedobotongji e em 2001 alunos de Kim fundam a Sibpalki Preservation Society e também a The Korea Sibpalki Association a primeira entidade tem como foco principal dedicar a encenar apresentações públicas e disseminar ao público coreano a consicencia sobre as artes marciais. Não está claro que o Sibpalki difudidos por Kim Kwang Seok corresponde fielmente as técnicas coreanas dos manuais históricos do século XVIII, porém a importância para o Sibpalki na Coreia é ser considerado um estilo “nativo”.

    GM Yoo Soo Nam e o Sipalki estilo Ionbiryu.

GM Yoo Soo Nam

    Grão Mestre Yoo Soo Nam, nasceu na Mongólia em 8 de outubro de 1940, pois, seus pais haviam fugido devido a ocupação japonesa na Coreia. Aos três anos ele retorna com sua família para a Coreia do Sul e aos cinco anos inicia seus treinamentos em Sipalki sob orientação de seu pai devido herança familiar, o Grão Mestre Yoo Dong Hee (1908 – 1965). Em 1958, aos 18 anos Mestre Yoo começa a dar aulas para a Policia da provincia de Na-Ju, na Força Aérea coreana, na infantaria maritima e em outras escolas. Aos 26 anos seu pai veio a falecer e é reconhecido como Grão Mestre e herdeiro do estilo Ionbiryu (estilo secreto da andorinha).

    Em 9 de maio de 1970 GM Yoo Soo Nam desembarca na Argentina disposto a promover seu trabalho e tão logo começa a ter seus primeiros alunos, o estilo Ionbiryu começou a se espalhar pelo país, na america latina, alguns países na Europa e também na Coreia do sul. Na Argentina, há uma fundação com o seu nome, a Fundação Soo Nam Yoo de arte, ciencia e cultura oriental com sede no norte do país realizando atos beneficientes para escolas e pessoas carentes.

    Grão Mestre Yoo Soo Nam faleceu no dia 8 de fevereiro de 2018. Seu filho Dae Won Yoo é o atual sucessor do estilo Ionbiryu.

    Questões polêmicas:

    Embora o estilo Ionbiryu do GM Yoo Soo Nam seja fortemente reconhecida na america latina e alguns países da Europa, na Coreia do Sul o estilo não é reconhecido como Sibpalki, tanto que o Mestre Bok Kyu Choi tem certa curiosidade em entender mais sobre o estilo do falecido GM Yoo. Também causa certa estranheza o histórico marcial do falecido Grão-Mestre sobre um estilo “herdado” contado de forma tão romanceada, ainda mais sendo tão jovem para assumir um titulo de Grão-Mestre, particularmente falando, isso me faz levantar uma bandeira vermelha sobre a idoniedade do estilo.

    O Sibpalki está mais para um estudo de manuais coreanos de técnicas de luta, do que uma arte marcial em si; a exemplo do também falecido Grão-Mestre Kim Kwang Seok que já tinha experiencia em Kung Fu, para ele foi basicamente como aprender técnicas inéditas com armas brancas e formas de Quan-fa (Kwon bup) através de um manual coreano que teve um manual chinês como referencia, portanto, não é por menos que o Sibpalki é chamado de “Kung Fu coreano”.

    E voltando ao GM Yoo, há uma certa esfera de propriedade quanto a pratica do Sipalki, GM Yoo sempre deu entrevistas para revistas e jornais e talvez a mais chamativa delas, foi para a Revista argentina Yudo y Karate em 1988 onde declara que “só existe apenas um Sipalki” que tecnicamente se trata do estilo Ionbiryu supostamente herdado de seu pai, nesta materia relata que ex alunos deixam de treinar com ele para criarem suas próprias escolas de artes marciais, porém não utilizam o nome “Sipalki”; por isso GM Yoo reinvidica que só ele representa o legado do Sipalki. 

    Talvez isso explique o tom autoritário do aluno argentino ao reividicar a "titularidade" do estilo. 

    E vale lembrar que entre seus ex-alunos, está o infame Giordano Magliacano do Pakua Hermano do qual muito bebeu da fonte de Soo Nam Yoo para fabricar argumentos que validem seu finjutsu. Principalmente quanto ao uso de armas de corte que tentam esconder   

    Conclusão:

    Sibpalki é uma modalidade marcial coreana que recria antigas formas de luta coreana sob influencia do Kung Fu chinês, sem contar que é também uma generalização as artes marciais de origem chinesa. Um estilo usado para representação cultural e histórica da antiga Coreia do século XVIII.

    Por outro lado temos o Grão-Mestre Yoo Soo Nam que levou o Sipalki herdado de seu pai para a Argentina tornando-se referencia em toda a América Latina e alguns países da Europa. Apesar de suas declarações a respeito do Sipalki sendo uma propriedade, um legado de sua família soar impertinente, principalmente quato à tornar-se um Grão-Mestre com pouca idade.

    Não estou aqui para acusar ou fazer juizo a respeito de um Grão Mestre falecido,apesar de sua história de vida ser aparentemente exagerada, ainda mais se tratando de um estilo de luta originado de antigos manuais de artes marciais de repente virar uma herança de familia. Tanto Grão-Mestre Kim quanto o Grão Mestre Yoo merecem o devido respeito e é aqui que concluo este artigo com o objetivo de trazer a baila informações relevantes sobre o Sibpalki e as artes marciais coreanas.

 


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Arte Marcial e Olimpismo - A Grande Polêmica



Nestes últimos séculos vimos um fenômeno acontecer nas artes marciais, o processo de esportivização. Este assunto é polêmico entre os artistas marciais, pois muitos alegam que o esporte degrada a marcialidade destas. Este processo de esportivização se tornou mais evidente no século XX com o advento das olimpíadas modernas. Mas antes de abordar a olimpíada moderna, retomemos as origens da inspiração de Coubertin, os jogos olímpicos da Grécia Antiga.
Algumas modalidades das olimpíadas antiga exploravam as aptidões de guerra como, provas de corrida, pentatlo (que consiste em um evento de saltos, disco e lança-dardo, uma corrida a pé e luta), boxe, luta livre e eventos equestres. Ou seja, a marcialidade esteve na origem das olimpíadas mesmo que limitado por regras. Marcial se remete a tudo que envolve guerra, artes militares, bélico. 






Outro conceito que temos que explorar é o de “esporte”. 

O conceito de esporte mais aceito no meio acadêmico se detêm em três quesitos: regras, competição e federação.

1. Regras: se há um conjunto de regras (pontuação, punições, etc) para definir ganhadores e perdedores;

2. Competição: se há a organização para realizar competições a onde podem ser colocadas em prática as regras;

3. Federação (instituição): uma instituição que regule e arbitre as regras e organize as competições.

Portanto tudo que tiver estes três quesitos pode ser considerado um ESPORTE, sendo arte marcial casca grossa ou nutela.

 
Ora, caros artistas marciais, se o marcial diz respeito a tudo que envolve guerra, a de concordar que guerras nada mais são do que disputas por interesses a onde há luta e derramamento de sangue. O esporte também se caracteriza por uma disputa, duas pessoas ou equipes disputam entre si por um interesse comum, vencer o adversário. O que diferencia o esporte de uma guerra é que a disputa esportiva é limitada por regras. Também há um outro conceito que temos que explorar, o “Jogo”, um jogo é nada mais do que uma disputa. A partir do momento que uma disputa é definida por regras, temos um jogo. No jogo haverão táticas e estratégias para vencer, assim como numa guerra.

O que queremos dizer com isto?
Queremos dizer que a “arte marcial” não esta tão distante assim do “esporte” o que diferenciam os dois são os objetivos a serem alcançados que são diferentes. Enquanto que na arte marcial o objetivo e subjugar o adversário, no esporte temos um jogo. Quando uma arte marcial se torna um esporte os objetivos passam a ser marcação de pontos, a disputa é limitada por regras e estas podem ser mais ou menos brandas. Por exemplo: as disputas de karate ao estilo JKA são tão esportivas quanto as da moderna WKF, o que muda entre elas são as regras; kendo é tão esporte quanto a esgrima; Taekwondo ITF é tão esportivo quanto o do WTF, o que difere são as regras. MMA é um esporte tanto quanto o antigo Vale-tudo, e assim por diante.

O grande idealizador das Olimpíadas modernas, inspirado pelos jogos da Grécia Antiga, foi o Barão de Coubertin que lançou o conceito de Fair Play, ou seja, do jogo limpo, sem trapaças, conforme as regras. Outro conceito é o citius, altius, fortius (mais rápido, mais alto, mais forte).

"Não pode haver jogo sem fair play. O principal objetivo da vida não é a vitória, mas a luta!" (Barão de Coubertin)

A problemática dos Jogos Olímpicos modernos e artes marciais é que as olimpíadas atuais estão sobre a égide do Fair Play, ou seja, do jogo limpo entre “cavalheiros”, logo a violência não é bem vinda. Outro ponto a se considerar é que pela magnitude dos Jogos Olímpicos, pela sua popularidade, um festival de violência não é nada atraente para o público leigo em artes marciais. É por este motivo que a arte marcial quando adaptado a olimpíada tem sua marcialidade, no que tange a violência, bastante amenizada. No processo de tornar uma arte marcial modalidade olímpica o COI exige que esta tenha como objetivo preservar a integridade física dos atletas, é por isto que o contato é bastante reduzido, o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual) é uma exigência e as penalidades devem combater o uso da agressão explícita. Estas regras ainda mudam constantemente para tornar a modalidade mais competitiva.
Todas as artes marciais e lutas que entraram nas olimpíadas passaram por este processo de abrandamento da agressividade, tanto o judo, taekwondo, luta greco romana, luta livre, esgrima, boxe, e agora o karate, foram suavizadas para se encaixar nos ideais de Fair Play exigidos pelo COI. A arte marcial que não fizer estas adaptações não se torna modalidade olímpica. Outras artes marciais e lutas que estão no processo de se tornar olímpicas (são elas, sumo, wushu, muaythai, sambo) passarão por este mesmo esquema.

Ai entramos no ponto polêmico que revolta alguns artistas marciais mais tradicionais e avessos ao esporte olímpico. Este é um assunto polêmico porque há os que concordem e há os que discordem, há os que querem a disputa com golpes mais contundentes, há os que querem apenas uma disputa por pontos. Porém entendam, modalidade continua tendo sua ligação com arte marcial apesar disto.

Qual esta certo?
Vai depender do objetivo que cada um quer alcançar. Se seu objetivo é procurar a marcialidade que o praticante a busque isto em seu treino, treine socos, chutes e golpes eficientes num combate real. Se seu objetivo é ganhar medalhas, treine com as regras, dê golpes que são só para marcar pontos. Há caminho e espaço para todos, pois nem todo mundo que pratica vai querer ir para uma olimpíada, mesmo porque o esporte de alta performance é seletivo, o que faz com que muitos queiram e poucos cheguem lá. Portanto espaço para a arte marcial genuína sempre terá. Existem as mais diversas federações com as mais diversas regras competitivas, escolha a que melhor lhe convém.

Há arte marcial na modalidade esportiva?
A essência da marcialidade sempre estará nas artes marciais que passaram pelo processo de esportivizaçao, mais brando, limitado a regras, mas estará lá intrínseco. A arte marcial sempre estará lá, mas como já falamos, com enfoque diferente que não são os de fazer dano, mas de marcar pontos. Com certeza quem optar por este caminho não saberá dar outro tipo de golpe que não seja o para marcar ponto. Numa situação combate real ficará em desvantagem e é bem provável que se machucará, mas cada um com suas escolhas.

O Fair Play é uma ideologia ruim para as artes marciais?

Acreditamos que na dose certa pode ser positivo, pois não há nada de errado em seguir o Fair Play. Filosofias como por exemplo a do Budo tem pontos em comum com o Fair Play, basta ver o Kendo. O Fair Play estimula sentimentos nobres que não podem ser desprezados e devem ser incentivados. O que não se pode é desvirtuar este princípios somente por conta de ganhar medalhas. Por outro lado sabemos que isto é um tanto complicado, pois ninguém vai para uma olimpíada para sair de mãos vazias. Porém perder e ganhar fazem parte da vida, saber trabalhar alegrias e frustrações é que vão fazer toda a diferença neste processo. As distorções sempre ocorrem, pois nós seres humanos procuramos compensar nosso ego, somos corruptíveis, falíveis, porém não devemos desacreditar de valores por conta de alguns que se deixam corromper.

Uma demonstração de Fair Play nos Jogos de Baku 2015.


O que nós artistas marciais definitivamente não queremos com o esporte?
É o que vemos atualmente em algumas modalidade a onde jogar com as regras, marcar pontos, ganhar medalhas é mais importante do que lutar e demonstrar o mínimo de marcialidade que fez daquela modalidade uma arte marcial. Um taekwondista tradicional não quer ver um espetáculo de chutes fracos somente para ativar os dispositivos eletrônicos dos EPIs. Igualmente no Karate os caratecas não querem ver lutas sem o mínimo dos princípios do karate. Não queremos ver lutas a onde os competidores jogam com as regras e ganham sem dar um golpe, somente por saldos de penalidade devido a falta de combatividade. Sinceramente, se for para acabar com o pouco de marcialidade que o Fair Play não consegue acabar, então realmente não vamos querer artes marciais nas olimpíadas. 
 
Abaixo um vídeo questionando o antes e o depois da introdução dos coletes eletrônicos no Taekwondo, arte marcial que decaiu muito no conceito "arte marcial" após se tornar olímpica.



Quais as vantagens de uma arte marcial olímpica?
Há muitas como, maior visibilidade, mais patrocínio, mais divulgação, mais incentivo, mais popularidade. Ainda não surgiu evento poliesportivo com mais visibilidade do que as olimpíadas. Nem mesmo MMA tem tanto apelo. A Copa do Mundo FIFA consegue visibilidade equivalente, mas esta gira em torno de somente de um esporte. A olimpíada é uma vitrine!

Qual a nossa postura com relação ao esporte nas artes marciais:
Como já dissemos, uma arte marcial não deixa de ser arte marcial porque se tornou um esporte, as regras podem reduzir a periculosidade de lesões ao máximo, mas ainda assim a marcialidade estará na essência.
Qualquer arte marcial que possui regras de competição se torna esporte independente de serem mais ou menos brandas (repito, MMA, K1, Pride, Vale Tudo são esportes porque são disputas com regras).
Arte marcial e esporte podem andar juntos pois tudo é uma questão de escolhas, não podemos negar o esporte a quem quer seguir o caminho do alto rendimento, assim como não podemos menosprezar quem quer aprender a arte marcial na sua essência. Enfim, há espaço para todos.
Não somos contra ao esporte desde que não descaracterize a essência da arte marcial e que o “ganhar” não se torne “ganhar a qualquer custo”, desde que “jogar com as regras” se torne mais importante do que fazer uma luta franca e justa. Fair Play também é ser franco e justo com o adversário dando a oportunidade de demonstrar suas capacidades.
 
Nas olimpíadas 2008 atleta de taekwondo agrediu árbitro após discordar de decisão que lhe tirou o ouro

 
 
Sabendo de todos estes conceitos você, atleta ou artista marcial, podem ter mais embasamento no discurso pró e contra o olimpismo, além do mais se blindar diante das falácias a respeito do olimpismo e do esporte nas artes marciais, falácias estas que muito mais trazem confusão do que esclarecimento. Lembramos, por exemplo, que no karate há gente querendo tirar vantagens com atitudes desonestas desde que o karate se tornou candidato às olimpiadas. Não raro vemos associações e supostas “federações” usando a nomenclatura “Olímpica” no intuito de tirar vantagens e induzir as pessoas ao erro, sendo que estas sequer são reconhecidas pelo COI.
 
 
 
 
 
Obs.: como exemplo ia colocar um vídeo de uma final da de kumite feminina da WKF a onde as lutadoras passaram os 3min de combate sem dar um misero golpe. Pois bem, a WKF deu um fim no vídeo e, depois deste vexame, mudou as regras. Atualmente o atleta que dá o primeiro golpe tem vantagem em desempates. Quem souber do vídeo em questão nos mande o link nos comentários.
Obs2.: Após as olimpíadas de Tokyo 2020 veio a polêmica do nocaute das finais do kumite masculino de karate, a onde o nocauteado ganhou ouro, porém este texto explica bem o contexto, pois tudo depende das regras, e no caso as regras da WKF permitem tal situação, contato excessivo é penalidade. 
 
Tomou nocaute, viu estrelas, mas levou ouro olímpico. Conforme régras da WKF.